terça-feira, 4 de novembro de 2008


Aqui o tempo é indivisível. O tempo é um tronco inquebrável, maciço, sem ramos, sem saídas.
Estou, simplesmente, aqui. O meu corpo pesado e quebradiço amontoa-se nestas ruas e nestas casas sem deixar marca: sem rasgar uma folha no chão, sem esmagar o pavimento, sem desviar uma cadeira ao sentar-se. E a minha voz solta-se e esvanece-s, dissolve-se no ar.

Nada me esmaga e nada me eleva, é um viver simples e nu, sem a riqueza de viver desprovida do supérfluo. É uma simplicidade dispendiosa sem a modernidade do minimalismo.
Todo o tempo é o meu tempo. É um tempo demasiado meu, solitário. Não há o meu tempo no teu, o meu tempo a esconder-se, a abrigar-se do deles, não há o meu tempo agora para aquele que vem mais tarde.

É tudo tão presente e estático, é viver agora para se poder dizer que se foi.

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